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Questões - UNESP | Gabarito e resoluções

Questão 89
2024Matemática

(UNESP - 2024) A figura indica o projeto de uma casa, sustentada por dois pilares e com rampa retilnea, de inclinao em relao horizontal, direcionando-se ao subsolo da casa. Todas as medidas indicadas na figura esto em metros. Dados: Considerando que os dois pilares so retilneos e perpendiculares ao eixo x, a medida do pilar menor, em metros, e o intervalo angular ao qual pertence so, respectivamente:

Questão 90
2024Matemática

(UNESP - 2024) O ChatGPT uma ferramenta computacional de inteligncia artificial que, entre outras aplicaes, pode tentar resolver alguns problemas matemticos. O problema matemtico a seguir foi submetido ao ChatGPT. A ferramenta apresentou como soluo do problema o nmero 13246, o que no est correto. Considerando que essa soluo incorreta tenha relao com uma leitura imprecisa do texto pelo ChatGPT, tal impreciso deve-se ao fato de a ferramenta ter ignorado

Questão 1
2023Português

(UNESP - 2023) Para responder s questes 01 e 02, examine a tirinha da cartunista Laerte. Contribui para o efeito de humor da tirinha o contraste entre

Questão 1
2023Português

(UNESP-1 FASE) Examine a tirinha do cartunista Silva Joo, publicada em sua conta do Instagram em 26.09.2019. O efeito de humor da tirinha est centrado na ambiguidade do termo

Questão 2
2023Português

(UNESP-1 FASE) Para responder s questes de 02 a 07, leia o trecho do conto A menina, as aves e o sangue, do escritor moambicano Mia Couto (1955- ). Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o corao batia s de quando em enquantos. A me sabia que o sangue estava parado pelo roxo dos lbios, palidez nas unhas. Se o corao estancava por demasia de tempo a menina comeava a esfriar e se cansava muito. A me, ento, se afligia: roa o dedo e deixava a unha intacta. At que o peito da filha voltava a dar sinal: Me, venha ouvir: est a bater! A me acorria, debruando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsao. E pareciam, as duas, presenciando pingo de gua em pleno deserto. Depois, o sangue dela voltava a calar, resina empurrando a arrastosa vida. At que, certa noite, a mulher ganhou para o susto. Foi quando ela escutou os pssaros. Sentou na cama: no eram s piares, chilreinaes. Eram rumores de asas, brancos drapejos de plumas. A me se ergueu, p descalo pelo corredor. Foi ao quarto da menina e joelhou-se junto ao leito. Sentiu a transpirao, reconheceu o seu prprio cheiro. Quando lhe ia tocar na fronte a menina despertou: Me, que bom, me acordou! Eu estava sonhar pssaros. A me sortiu-se de medo, aconchegou o lenol como se protegesse a filha de uma maldio. Ao tocar no lenol uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma, algodo em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A me tentou apanhar a errante plumagem. Em vo, a pena saiu voando pela janela. A senhora ficou espreitando a noite, na iluso de escutar a voz de um pssaro. Depois, retirou-se, adentrando-se na solido do seu quarto. Dos pssaros selou-se o segredo, s entre as duas.[...] Com o tempo, porm, cada vez menos o corao se fazia frequente. Quase deixou de dar sinais vida. At que essa imobilidade se prolongou por consecutivas demoras. A menina falecera? No se vislumbravam sinais dessa derradeiragem. Pois ela seguia praticando vivncias, brincando, sempre cansadinha, resfriorenta. Uma s diferena se contava. J noite a me no escutava os piares. Agora no sonha, filha? Ai me, est to escuro no meu sonho! S ento a me arrepiou deciso e foi cidade: Doutor, lhe respeito a permisso: queria saber a sade de minha nica. seu peito... nunca mais deu sinal. O mdico corrigiu os culos como se entendesse rectificar a prpria viso. Clareou a voz, para melhor se autorizar. E disse: Senhora, vou dizer: a sua menina j morreu. Morta, a minha menina? Mas, assim...? Esta a sua maneira de estar morta. A senhora escutou, mos juntas, na educao do colo. Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o mdico. Todo seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro, duvidava. Pode-se morrer assim com tanta leveza, que nem se nota a retirada da vida? E o mdico, lhe amparando, j na porta: No se entristonhe, a morte o fim sem finalidade. A me regressou casa e encontrou a filha entoando danas, cantarolando canes que nem existem. Se chegou a ela, tocou-lhe como se a mida inexistisse. A sua pele no desprendia calor. Ento, minha querida no escutou nada? Ela negou. A me percorreu o quarto, vasculhou recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pssaro. Mas nada no encontrou. E assim, ficou sendo, ento e adiante. Cada vez mais fria, a moa brinca, se aquece na torreira do sol. Quando acorda, manh alta, encontra flores que a me depositou ao p da cama. Ao fim da tarde, as duas, me e filha, passeiam pela praa e os velhos descobrem a cabea em sinal de respeito. E o caso se vai seguindo, estria sem histria. Uma nica, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a me deixou de dormir. Horas a fio a sua cabea anda em servio de escutar, a ver se regressam as vozearias das aves. (Mia Couto. A menina sem palavra, 2013.) E pareciam, as duas, presenciando pingo de gua em pleno deserto. (3 pargrafo) No contexto do conto, pingo de gua e pleno deserto referem-se, metaforicamente,

Questão 2
2023Português

(UNESP - 2023) Para responder s questes 01 e 02, examine a tirinha da cartunista Laerte. Na fala do pai, os dois pronomes relativos que referem-se, respectivamente, a

Questão 3
2023Português

(UNESP-1 FASE) Para responder s questes de 02 a 07, leia o trecho do conto A menina, as aves e o sangue, do escritor moambicano Mia Couto (1955- ). Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o corao batia s de quando em enquantos. A me sabia que o sangue estava parado pelo roxo dos lbios, palidez nas unhas. Se o corao estancava por demasia de tempo a menina comeava a esfriar e se cansava muito. A me, ento, se afligia: roa o dedo e deixava a unha intacta. At que o peito da filha voltava a dar sinal: Me, venha ouvir: est a bater! A me acorria, debruando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsao. E pareciam, as duas, presenciando pingo de gua em pleno deserto. Depois, o sangue dela voltava a calar, resina empurrando a arrastosa vida. At que, certa noite, a mulher ganhou para o susto. Foi quando ela escutou os pssaros. Sentou na cama: no eram s piares, chilreinaes. Eram rumores de asas, brancos drapejos de plumas. A me se ergueu, p descalo pelo corredor. Foi ao quarto da menina e joelhou-se junto ao leito. Sentiu a transpirao, reconheceu o seu prprio cheiro. Quando lhe ia tocar na fronte a menina despertou: Me, que bom, me acordou! Eu estava sonhar pssaros. A me sortiu-se de medo, aconchegou o lenol como se protegesse a filha de uma maldio. Ao tocar no lenol uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma, algodo em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A me tentou apanhar a errante plumagem. Em vo, a pena saiu voando pela janela. A senhora ficou espreitando a noite, na iluso de escutar a voz de um pssaro. Depois, retirou-se, adentrando-se na solido do seu quarto. Dos pssaros selou-se o segredo, s entre as duas.[...] Com o tempo, porm, cada vez menos o corao se fazia frequente. Quase deixou de dar sinais vida. At que essa imobilidade se prolongou por consecutivas demoras. A menina falecera? No se vislumbravam sinais dessa derradeiragem. Pois ela seguia praticando vivncias, brincando, sempre cansadinha, resfriorenta. Uma s diferena se contava. J noite a me no escutava os piares. Agora no sonha, filha? Ai me, est to escuro no meu sonho! S ento a me arrepiou deciso e foi cidade: Doutor, lhe respeito a permisso: queria saber a sade de minha nica. seu peito... nunca mais deu sinal. O mdico corrigiu os culos como se entendesse rectificar a prpria viso. Clareou a voz, para melhor se autorizar. E disse: Senhora, vou dizer: a sua menina j morreu. Morta, a minha menina? Mas, assim...? Esta a sua maneira de estar morta. A senhora escutou, mos juntas, na educao do colo. Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o mdico. Todo seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro, duvidava. Pode-se morrer assim com tanta leveza, que nem se nota a retirada da vida? E o mdico, lhe amparando, j na porta: No se entristonhe, a morte o fim sem finalidade. A me regressou casa e encontrou a filha entoando danas, cantarolando canes que nem existem. Se chegou a ela, tocou-lhe como se a mida inexistisse. A sua pele no desprendia calor. Ento, minha querida no escutou nada? Ela negou. A me percorreu o quarto, vasculhou recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pssaro. Mas nada no encontrou. E assim, ficou sendo, ento e adiante. Cada vez mais fria, a moa brinca, se aquece na torreira do sol. Quando acorda, manh alta, encontra flores que a me depositou ao p da cama. Ao fim da tarde, as duas, me e filha, passeiam pela praa e os velhos descobrem a cabea em sinal de respeito. E o caso se vai seguindo, estria sem histria. Uma nica, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a me deixou de dormir. Horas a fio a sua cabea anda em servio de escutar, a ver se regressam as vozearias das aves. (Mia Couto. A menina sem palavra, 2013.) Alm da variedade de discursos diretos e indiretos, a narrativa de fico, a partir das ltimas dcadas do sculo XIX, utiliza um tipo de discurso que consiste na combinao dos j existentes, misturando valores estilsticos de um e de outro: o discurso indireto livre. O discurso indireto livre no deixa claro quem est com a palavra, se o narrador ou a personagem. (Nilce SantAnna Martins. Introduo estilstica, 1989. Adaptado.) Constitui exemplo de discurso indireto livre o seguinte trecho:

Questão 3
2023Português

(UNESP - 2023) Para responder s questes de 03 a 06, leia um trecho do prefcio O recado da mata, do antroplogo Eduardo Viveiros de Castro, para o livro A queda do cu: palavras de um xam yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. A queda do cu um acontecimento cientfico incontestvel, que levar, suspeito, alguns anos para ser devidamente assimilado pela comunidade antropolgica. Mas espero que todos os seus leitores saibam identificar de imediato o acontecimento poltico e espiritual muito mais amplo, e de muito grave significao, que ele representa. Chegou a hora, em suma; temos a obrigao de levar absolutamente a srio o que dizem os ndios pela voz de Davi Kopenawa os ndios e todos os demais povos menores do planeta, as minorias extranacionais que ainda resistem total dissoluo pelo liquidificador modernizante do Ocidente. Para os brasileiros, como para as outras nacionalidades do Novo Mundo criadas s custas do genocdio americano e da escravido africana, tal obrigao se impe com fora redobrada. Pois passamos tempo demais com o esprito voltado para ns mesmos, embrutecidos pelos mesmos velhos sonhos de cobia e conquista e imprio vindos nas caravelas, com a cabea cada vez mais cheia de esquecimento, imersa em um tenebroso vazio existencial, s de raro em raro iluminado, ao longo de nossa pouco gloriosa histria, por lampejos de lucidez poltica e potica. Davi Kopenawa ajuda-nos a pr no devido lugar as famosas ideias fora do lugar, porque o seu um discurso sobre o lugar, e porque seu enunciador sabe qual , onde , o que o seu lugar. Hora, ento, de nos confrontarmos com as ideias desse lugar que tomamos a ferro e a fogo dos indgenas, e declaramos nosso sem o menor pudor [...]. (A queda do cu: palavras de um xam yanomami, 2015.) De acordo com o autor,

Questão 4
2023Português

(UNESP - 2023) Para responder s questes de 03 a 06, leia um trecho do prefcio O recado da mata, do antroplogo Eduardo Viveiros de Castro, para o livro A queda do cu: palavras de um xam yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. A queda do cu um acontecimento cientfico incontestvel, que levar, suspeito, alguns anos para ser devidamente assimilado pela comunidade antropolgica. Mas espero que todos os seus leitores saibam identificar de imediato o acontecimento poltico e espiritual muito mais amplo, e de muito grave significao, que ele representa. Chegou a hora, em suma; temos a obrigao de levar absolutamente a srio o que dizem os ndios pela voz de Davi Kopenawa os ndios e todos os demais povos menores do planeta, as minorias extranacionais que ainda resistem total dissoluo pelo liquidificador modernizante do Ocidente. Para os brasileiros, como para as outras nacionalidades do Novo Mundo criadas s custas do genocdio americano e da escravido africana, tal obrigao se impe com fora redobrada. Pois passamos tempo demais com o esprito voltado para ns mesmos, embrutecidos pelos mesmos velhos sonhos de cobia e conquista e imprio vindos nas caravelas, com a cabea cada vez mais cheia de esquecimento, imersa em um tenebroso vazio existencial, s de raro em raro iluminado, ao longo de nossa pouco gloriosa histria, por lampejos de lucidez poltica e potica. Davi Kopenawa ajuda-nos a pr no devido lugar as famosas ideias fora do lugar, porque o seu um discurso sobre o lugar, e porque seu enunciador sabe qual , onde , o que o seu lugar. Hora, ento, de nos confrontarmos com as ideias desse lugar que tomamos a ferro e a fogo dos indgenas, e declaramos nosso sem o menor pudor [...]. (A queda do cu: palavras de um xam yanomami, 2015.) A queda do cu um acontecimento cientfico incontestvel, que levar, suspeito, alguns anos para ser devidamente assimilado pela comunidade antropolgica. Nesse trecho do prefcio, o autor ressalta, em relao obra A queda do cu, seu carter

Questão 4
2023Português

(UNESP-1 FASE) Para responder s questes de 02 a 07, leia o trecho do conto A menina, as aves e o sangue, do escritor moambicano Mia Couto (1955- ). Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o corao batia s de quando em enquantos. A me sabia que o sangue estava parado pelo roxo dos lbios, palidez nas unhas. Se o corao estancava por demasia de tempo a menina comeava a esfriar e se cansava muito. A me, ento, se afligia: roa o dedo e deixava a unha intacta. At que o peito da filha voltava a dar sinal: Me, venha ouvir: est a bater! A me acorria, debruando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsao. E pareciam, as duas, presenciando pingo de gua em pleno deserto. Depois, o sangue dela voltava a calar, resina empurrando a arrastosa vida. At que, certa noite, a mulher ganhou para o susto. Foi quando ela escutou os pssaros. Sentou na cama: no eram s piares, chilreinaes. Eram rumores de asas, brancos drapejos de plumas. A me se ergueu, p descalo pelo corredor. Foi ao quarto da menina e joelhou-se junto ao leito. Sentiu a transpirao, reconheceu o seu prprio cheiro. Quando lhe ia tocar na fronte a menina despertou: Me, que bom, me acordou! Eu estava sonhar pssaros. A me sortiu-se de medo, aconchegou o lenol como se protegesse a filha de uma maldio. Ao tocar no lenol uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma, algodo em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A me tentou apanhar a errante plumagem. Em vo, a pena saiu voando pela janela. A senhora ficou espreitando a noite, na iluso de escutar a voz de um pssaro. Depois, retirou-se, adentrando-se na solido do seu quarto. Dos pssaros selou-se o segredo, s entre as duas.[...] Com o tempo, porm, cada vez menos o corao se fazia frequente. Quase deixou de dar sinais vida. At que essa imobilidade se prolongou por consecutivas demoras. A menina falecera? No se vislumbravam sinais dessa derradeiragem. Pois ela seguia praticando vivncias, brincando, sempre cansadinha, resfriorenta. Uma s diferena se contava. J noite a me no escutava os piares. Agora no sonha, filha? Ai me, est to escuro no meu sonho! S ento a me arrepiou deciso e foi cidade: Doutor, lhe respeito a permisso: queria saber a sade de minha nica. seu peito... nunca mais deu sinal. O mdico corrigiu os culos como se entendesse rectificar a prpria viso. Clareou a voz, para melhor se autorizar. E disse: Senhora, vou dizer: a sua menina j morreu. Morta, a minha menina? Mas, assim...? Esta a sua maneira de estar morta. A senhora escutou, mos juntas, na educao do colo. Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o mdico. Todo seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro, duvidava. Pode-se morrer assim com tanta leveza, que nem se nota a retirada da vida? E o mdico, lhe amparando, j na porta: No se entristonhe, a morte o fim sem finalidade. A me regressou casa e encontrou a filha entoando danas, cantarolando canes que nem existem. Se chegou a ela, tocou-lhe como se a mida inexistisse. A sua pele no desprendia calor. Ento, minha querida no escutou nada? Ela negou. A me percorreu o quarto, vasculhou recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pssaro. Mas nada no encontrou. E assim, ficou sendo, ento e adiante. Cada vez mais fria, a moa brinca, se aquece na torreira do sol. Quando acorda, manh alta, encontra flores que a me depositou ao p da cama. Ao fim da tarde, as duas, me e filha, passeiam pela praa e os velhos descobrem a cabea em sinal de respeito. E o caso se vai seguindo, estria sem histria. Uma nica, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a me deixou de dormir. Horas a fio a sua cabea anda em servio de escutar, a ver se regressam as vozearias das aves. (Mia Couto. A menina sem palavra, 2013.) O narrador recorre a um enunciado aparentemente paradoxal no seguinte trecho:

Questão 5
2023Português

(UNESP - 2023) Para responder s questes de 03 a 06, leia um trecho do prefcio O recado da mata, do antroplogo Eduardo Viveiros de Castro, para o livro A queda do cu: palavras de um xam yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. A queda do cu um acontecimento cientfico incontestvel, que levar, suspeito, alguns anos para ser devidamente assimilado pela comunidade antropolgica. Mas espero que todos os seus leitores saibam identificar de imediato o acontecimento poltico e espiritual muito mais amplo, e de muito grave significao, que ele representa. Chegou a hora, em suma; temos a obrigao de levar absolutamente a srio o que dizem os ndios pela voz de Davi Kopenawa os ndios e todos os demais povos menores do planeta, as minorias extranacionais que ainda resistem total dissoluo pelo liquidificador modernizante do Ocidente. Para os brasileiros, como para as outras nacionalidades do Novo Mundo criadas s custas do genocdio americano e da escravido africana, tal obrigao se impe com fora redobrada. Pois passamos tempo demais com o esprito voltado para ns mesmos, embrutecidos pelos mesmos velhos sonhos de cobia e conquista e imprio vindos nas caravelas, com a cabea cada vez mais cheia de esquecimento, imersa em um tenebroso vazio existencial, s de raro em raro iluminado, ao longo de nossa pouco gloriosa histria, por lampejos de lucidez poltica e potica. Davi Kopenawa ajuda-nos a pr no devido lugar as famosas ideias fora do lugar, porque o seu um discurso sobre o lugar, e porque seu enunciador sabe qual , onde , o que o seu lugar. Hora, ento, de nos confrontarmos com as ideias desse lugar que tomamos a ferro e a fogo dos indgenas, e declaramos nosso sem o menor pudor [...]. (A queda do cu: palavras de um xam yanomami, 2015.) Considerando a palavra esquecimento na acepo de falta de memria, a expresso cheia de esquecimento constitui, em si,

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(UNESP-1 FASE) Para responder s questes de 02 a 07, leia o trecho do conto A menina, as aves e o sangue, do escritor moambicano Mia Couto (1955- ). Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o corao batia s de quando em enquantos. A me sabia que o sangue estava parado pelo roxo dos lbios, palidez nas unhas. Se o corao estancava por demasia de tempo a menina comeava a esfriar e se cansava muito. A me, ento, se afligia: roa o dedo e deixava a unha intacta. At que o peito da filha voltava a dar sinal: Me, venha ouvir: est a bater! A me acorria, debruando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsao. E pareciam, as duas, presenciando pingo de gua em pleno deserto. Depois, o sangue dela voltava a calar, resina empurrando a arrastosa vida. At que, certa noite, a mulher ganhou para o susto. Foi quando ela escutou os pssaros. Sentou na cama: no eram s piares, chilreinaes. Eram rumores de asas, brancos drapejos de plumas. A me se ergueu, p descalo pelo corredor. Foi ao quarto da menina e joelhou-se junto ao leito. Sentiu a transpirao, reconheceu o seu prprio cheiro. Quando lhe ia tocar na fronte a menina despertou: Me, que bom, me acordou! Eu estava sonhar pssaros. A me sortiu-se de medo, aconchegou o lenol como se protegesse a filha de uma maldio. Ao tocar no lenol uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma, algodo em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A me tentou apanhar a errante plumagem. Em vo, a pena saiu voando pela janela. A senhora ficou espreitando a noite, na iluso de escutar a voz de um pssaro. Depois, retirou-se, adentrando-se na solido do seu quarto. Dos pssaros selou-se o segredo, s entre as duas.[...] Com o tempo, porm, cada vez menos o corao se fazia frequente. Quase deixou de dar sinais vida. At que essa imobilidade se prolongou por consecutivas demoras. A menina falecera? No se vislumbravam sinais dessa derradeiragem. Pois ela seguia praticando vivncias, brincando, sempre cansadinha, resfriorenta. Uma s diferena se contava. J noite a me no escutava os piares. Agora no sonha, filha? Ai me, est to escuro no meu sonho! S ento a me arrepiou deciso e foi cidade: Doutor, lhe respeito a permisso: queria saber a sade de minha nica. seu peito... nunca mais deu sinal. O mdico corrigiu os culos como se entendesse rectificar a prpria viso. Clareou a voz, para melhor se autorizar. E disse: Senhora, vou dizer: a sua menina j morreu. Morta, a minha menina? Mas, assim...? Esta a sua maneira de estar morta. A senhora escutou, mos juntas, na educao do colo. Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o mdico. Todo seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro, duvidava. Pode-se morrer assim com tanta leveza, que nem se nota a retirada da vida? E o mdico, lhe amparando, j na porta: No se entristonhe, a morte o fim sem finalidade. A me regressou casa e encontrou a filha entoando danas, cantarolando canes que nem existem. Se chegou a ela, tocou-lhe como se a mida inexistisse. A sua pele no desprendia calor. Ento, minha querida no escutou nada? Ela negou. A me percorreu o quarto, vasculhou recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pssaro. Mas nada no encontrou. E assim, ficou sendo, ento e adiante. Cada vez mais fria, a moa brinca, se aquece na torreira do sol. Quando acorda, manh alta, encontra flores que a me depositou ao p da cama. Ao fim da tarde, as duas, me e filha, passeiam pela praa e os velhos descobrem a cabea em sinal de respeito. E o caso se vai seguindo, estria sem histria. Uma nica, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a me deixou de dormir. Horas a fio a sua cabea anda em servio de escutar, a ver se regressam as vozearias das aves. (Mia Couto.A menina sem palavra, 2013.) A linguagem potica, o emprego de neologismos e as marcas de oralidade, que podem ser identificados no texto de Mia Couto, caracterizam tambm a prosa do seguinte escritor brasileiro:

Questão 6
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(UNESP-1 FASE) Para responder s questes de 02 a 07, leia o trecho do conto A menina, as aves e o sangue, do escritor moambicano Mia Couto (1955- ). Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o corao batia s de quando em enquantos. A me sabia que o sangue estava parado pelo roxo dos lbios, palidez nas unhas. Se o corao estancava por demasia de tempo a menina comeava a esfriar e se cansava muito. A me, ento, se afligia: roa o dedo e deixava a unha intacta. At que o peito da filha voltava a dar sinal: Me, venha ouvir: est a bater! A me acorria, debruando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsao. E pareciam, as duas, presenciando pingo de gua em pleno deserto. Depois, o sangue dela voltava a calar, resina empurrando a arrastosa vida. At que, certa noite, a mulher ganhou para o susto. Foi quando ela escutou os pssaros. Sentou na cama: no eram s piares, chilreinaes. Eram rumores de asas, brancos drapejos de plumas. A me se ergueu, p descalo pelo corredor. Foi ao quarto da menina e joelhou-se junto ao leito. Sentiu a transpirao, reconheceu o seu prprio cheiro. Quando lhe ia tocar na fronte a menina despertou: Me, que bom, me acordou! Eu estava sonhar pssaros. A me sortiu-se de medo, aconchegou o lenol como se protegesse a filha de uma maldio. Ao tocar no lenol uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma, algodo em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A me tentou apanhar a errante plumagem. Em vo, a pena saiu voando pela janela. A senhora ficou espreitando a noite, na iluso de escutar a voz de um pssaro. Depois, retirou-se, adentrando-se na solido do seu quarto. Dos pssaros selou-se o segredo, s entre as duas.[...] Com o tempo, porm, cada vez menos o corao se fazia frequente. Quase deixou de dar sinais vida. At que essa imobilidade se prolongou por consecutivas demoras. A menina falecera? No se vislumbravam sinais dessa derradeiragem. Pois ela seguia praticando vivncias, brincando, sempre cansadinha, resfriorenta. Uma s diferena se contava. J noite a me no escutava os piares. Agora no sonha, filha? Ai me, est to escuro no meu sonho! S ento a me arrepiou deciso e foi cidade: Doutor, lhe respeito a permisso: queria saber a sade de minha nica. seu peito... nunca mais deu sinal. O mdico corrigiu os culos como se entendesse rectificar a prpria viso. Clareou a voz, para melhor se autorizar. E disse: Senhora, vou dizer: a sua menina j morreu. Morta, a minha menina? Mas, assim...? Esta a sua maneira de estar morta. A senhora escutou, mos juntas, na educao do colo. Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o mdico. Todo seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro, duvidava. Pode-se morrer assim com tanta leveza, que nem se nota a retirada da vida? E o mdico, lhe amparando, j na porta: No se entristonhe, a morte o fim sem finalidade. A me regressou casa e encontrou a filha entoando danas, cantarolando canes que nem existem. Se chegou a ela, tocou-lhe como se a mida inexistisse. A sua pele no desprendia calor. Ento, minha querida no escutou nada? Ela negou. A me percorreu o quarto, vasculhou recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pssaro. Mas nada no encontrou. E assim, ficou sendo, ento e adiante. Cada vez mais fria, a moa brinca, se aquece na torreira do sol. Quando acorda, manh alta, encontra flores que a me depositou ao p da cama. Ao fim da tarde, as duas, me e filha, passeiam pela praa e os velhos descobrem a cabea em sinal de respeito. E o caso se vai seguindo, estria sem histria. Uma nica, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a me deixou de dormir. Horas a fio a sua cabea anda em servio de escutar, a ver se regressam as vozearias das aves. (Mia Couto.A menina sem palavra, 2013.) Constitui exemplo de neologismo formado pelo processo de sufixao a palavra

Questão 6
2023Português

(UNESP - 2023) Para responder s questes de 03 a 06, leia um trecho do prefcio O recado da mata, do antroplogo Eduardo Viveiros de Castro, para o livro A queda do cu: palavras de um xam yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. A queda do cu um acontecimento cientfico incontestvel, que levar, suspeito, alguns anos para ser devidamente assimilado pela comunidade antropolgica. Mas espero que todos os seus leitores saibam identificar de imediato o acontecimento poltico e espiritual muito mais amplo, e de muito grave significao, que ele representa. Chegou a hora, em suma; temos a obrigao de levar absolutamente a srio o que dizem os ndios pela voz de Davi Kopenawa os ndios e todos os demais povos menores do planeta, as minorias extranacionais que ainda resistem total dissoluo pelo liquidificador modernizante do Ocidente. Para os brasileiros, como para as outras nacionalidades do Novo Mundo criadas s custas do genocdio americano e da escravido africana, tal obrigao se impe com fora redobrada. Pois passamos tempo demais com o esprito voltado para ns mesmos, embrutecidos pelos mesmos velhos sonhos de cobia e conquista e imprio vindos nas caravelas, com a cabea cada vez mais cheia de esquecimento, imersa em um tenebroso vazio existencial, s de raro em raro iluminado, ao longo de nossa pouco gloriosa histria, por lampejos de lucidez poltica e potica. Davi Kopenawa ajuda-nos a pr no devido lugar as famosas ideias fora do lugar, porque o seu um discurso sobre o lugar, e porque seu enunciador sabe qual , onde , o que o seu lugar. Hora, ento, de nos confrontarmos com as ideias desse lugar que tomamos a ferro e a fogo dos indgenas, e declaramos nosso sem o menor pudor [...]. (A queda do cu: palavras de um xam yanomami, 2015.) O autor recorre elipse de um substantivo no trecho:

Questão 7
2023Português

(UNESP - 2023) Para responder s questes de 07 a 10, leia o captulo CXVII do romance Quincas Borba, de Machado de Assis. A histria do casamento de Maria Benedita curta; e, posto Sofia a ache vulgar, vale a pena diz-la. Fique desde j admitido que, se no fosse a epidemia das Alagoas, talvez no chegasse a haver casamento; donde se conclui que as catstrofes so teis, e at necessrias. Sobejam exemplos; mas basta um contozinho que ouvi em criana, e que aqui lhes dou em duas linhas. Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona, um triste molambo de mulher, chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no cho. Seno quando, indo a passar um homem brio, viu o incndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela. minha, sim, meu senhor; tudo o que eu possua neste mundo. D-me ento licena que acenda ali o meu charuto? O padre que me contou isto certamente emendou o texto original; no preciso estar embriagado para acender um charuto nas misrias alheias. Bom padre Chagas! Chamava-se Chagas. Padre mais que bom, que assim me incutiste por muitos anos essa ideia consoladora, de que ningum, em seu juzo, faz render o mal dos outros; no contando o respeito que aquele bbado tinha ao princpio da propriedade, a ponto de no acender o charuto sem pedir licena dona das runas. Tudo ideias consoladoras. Bom padre Chagas! (Quincas Borba, 2012.) Para o narrador, no texto original do contozinho relatado no captulo,