(FUVEST - 2007 - 1a fase) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informaes sobre as regras da gramtica, que eu no respeitava, e sobre a grafia correta dos vocbulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no ltimo Quarto de Badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em varreo do verbo varrer. De fato, tratava-se de um equvoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovao. Pois o meu amigo, paladino da lngua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da pgina 827 do dicionrio (...). O certo varrio, e no varreo. Mas estou com medo de que os mineiros da roa faam troa de mim, porque nunca os ouvi falar de varrio. E se eles rirem de mim no vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da pgina do dicionrio (...). Porque para eles no o dicionrio que faz a lngua. o povo. E o povo, l nas montanhas de Minas Gerais, fala varreo, quando no barreo. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se bonito ou se feio. Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Rubem Alves http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques O amigo chamado de paladino da lngua portuguesa porque
(FUVEST - 2007 - 1a fase) Leia: Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informaes sobre as regras da gramtica, que eu no respeitava, e sobre a grafia correta dos vocbulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no ltimo Quarto de Badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em varreo - do verbo varrer. De fato, tratava-se de um equvoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovao. Pois o meu amigo, paladino da lngua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da pgina 827 do dicionrio (...). O certo varrio, e no varreo. Mas estou com medo de que os mineiros da roa faam troa de mim, porque nunca os ouvi falar de varrio. E se eles rirem de mim no vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da pgina do dicionrio (...). Porque para eles no o dicionrio que faz a lngua. o povo. E o povo, l nas montanhas de Minas Gerais, fala varreo, quando no barreo. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se bonito ou se feio. Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Rubem Alves http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques Toma a minha sopa, no diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato est rachado. Considerada no contexto, essa frase indica, em sentido figurado, que, para o autor, a
(FUVEST - 2007 - 1a fase) Das vs sutilezas Os homens recorrem por vezes a sutilezas fteis e vs para atrair nossa ateno. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um gro de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe trs medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer to nobre arte. prova irrefutvel da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmonos pelas coisas s porque so raras e inditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora no sejam nem boas nem teis em si. Montaigne, Ensaios. O texto revela, em seu desenvolvimento, a seguinte estrutura:
(FUVEST - 2007 - 1a fase) Das vs sutilezas Os homens recorrem por vezes a sutilezas fteis e vs para atrair nossa ateno. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um gro de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe trs medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer to nobre arte. prova irrefutvel da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmonos pelas coisas s porque so raras e inditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora no sejam nem boas nem teis em si. Montaigne, Ensaios. A expresso sublinhada no trecho ...ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora no sejam nem boas nem teis em si pode ser substituda, sem prejuzo para o sentido, por
(FUVEST - 2007 - 1a fase) J a tarde caa quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorvel paz do cu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietao contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava to profundamente Jacinto, que eu o senti, no silncio em que caramos, suspirar de puro alvio. Depois, muito gravemente: - Tu dizes que na Natureza no h pensamento... - Outra vez! Olha que maada! Eu... - Mas por estar nela suprimido o pensamento que lhe est poupado o sofrimento! Ns, desgraados, no podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E o que aconselham estas colinas e estas rvores nossa alma, que vela e se agita - que viva na paz de um sonho vago e nada apetea, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, no esperando dele seno um rumor de harmonia, que a embale e lhe favorea o dormir dentro da mo de Deus. Hem, no te parece, Z Fernandes? - Talvez. Mas necessrio ento viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos Ea de Queirs, A cidade e as serras. Considerado no contexto de A cidade e as serras, o dilogo presente no excerto revela que, nesse romance de Ea de Queirs, o elogio da natureza e da vida rural
(FUVEST - 2007 - 1a fase) J a tarde caa quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorvel paz do cu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietao contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava to profundamente Jacinto, que eu o senti, no silncio em que caramos, suspirar de puro alvio. Depois, muito gravemente: - Tu dizes que na Natureza no h pensamento... - Outra vez! Olha que maada! Eu... - Mas por estar nela suprimido o pensamento que lhe est poupado o sofrimento! Ns, desgraados, no podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E o que aconselham estas colinas e estas rvores nossa alma, que vela e se agita - que viva na paz de um sonho vago e nada apetea, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, no esperando dele seno um rumor de harmonia, que a embale e lhe favorea o dormir dentro da mo de Deus. Hem, no te parece, Z Fernandes? - Talvez. Mas necessrio ento viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos... Entre os seguintes fragmentos do excerto, aquele que, tomado isoladamente,mais se coaduna com as ideias expressas na poesia de Alberto Caeiro o que est em
(FUVEST - 2007 - 1a fase) Considere as seguintes afirmaes: I. Assim como Jacinto, de A cidade e as serras, passa por uma verdadeira ressurreio ao mergulhar na vida rural, tambm Augusto Matraga, de Sagarana, experimenta um ressurgimento associado a uma renovao da natureza. II. Tambm Fabiano, de Vidas secas, em geral pouco falante, experimenta uma transformao ligada natureza: a chegada das chuvas e a possibilidade de renovao da vida tornam-no loquaz e desejoso de expressar-se. III. J Iracema, quando debilitada pelo afastamento de Martim, no encontra na natureza foras capazes de salvar-lhe a vida. Est correto o que se afirma em:
(FUVEST - 2007 - 1a fase) Um tipo social que recebe destaque tanto nas Memrias de um sargento de milcias quanto em Dom Casmurro, merecendo, inclusive, em cada uma dessas obras, um captulo cujo ttulo o designa, o:
(FUVEST - 2007 - 1a fase) Procura da Poesia No faas versos sobre acontecimentos. No h criao nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida um sol esttico, no aquece nem ilumina. (...) Penetra surdamente no reino das palavras. L esto os poemas que esperam ser escritos. Esto paralisados, mas no h desespero, h calma e frescura na superfcie intata. Ei-los ss e mudos, em estado de dicionrio. (...) Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo. No contexto do livro, a afirmao do carter verbal da poesia e a incitao a que se penetre no reino das palavras, presentes no excerto, indicam que, para o poeta de A rosa do povo,
(FUVEST - 2007 - 1 FASE) Quanto concordncia verbal, a frase inteiramente correta :
(FUVEST - 2007 - 1a fase) CHILE, which has South Americas most successful economy, elected its first female president this year. But the lot of Chilean women is by many measures worse than that of their sisters elsewhere in the region. A smaller proportion of them work and fewer achieve political power. According to a recent report by the Inter-Parliamentary Union, an association of parliaments, 15% of representatives in the lower house of Chiles Congress are women, less than half the proportion in Costa Rica and Argentina and below the level in eight other countries in the region, including Venezuela and Bolivia. Chilean women hope that Michelle Bachelets presidency will improve their position but there are worries that she will do more harm than good. The Economist, August 12th 2006. According to the text, Chilean women
(FUVEST - 2007 - 1a fase) CHILE, which has South Americas most successful economy, elected its first female president this year. But the lot of Chilean women is by many measures worse than that of their sisters elsewhere in the region. A smaller proportion of them work and fewer achieve political power. According to a recent report by the Inter-Parliamentary Union, an association of parliaments, 15% of representatives in the lower house of Chiles Congress are women, less than half the proportion in Costa Rica and Argentina and below the level in eight other countries in the region, including Venezuela and Bolivia. Chilean women hope that Michelle Bachelets presidency will improve their position but there are worries that she will do more harm than good. The Economist, August 12th 2006. According to the text, the Chilean president
(FUVEST - 2007 - 1a fase) In the text, the central idea is that
(FUVEST - 2007 - 1a fase) According to the text,
(FUVEST - 2007 - 1a fase) In the text, the pronoun Others (line 14) refers to